Efeito Pigmalião na Liderança

Olá Tribo 👋.

Hoje vou falar-vos de AMOR ❤️.

(Pareceu-me ouvir um “Estamos lamechas, hein!?”…)

Pronto, aqui vai: Sou lamechas e muito emocional! 😭

(O emoji do choro é para provar que sou mesmo. No entanto, se virem o podcast Tribo de Líderes a partir do 4 de setembro, vão tirar isso a limpo.)

Aprendi com a minha mãe a ser emocional. Ela é um ser mesmo muito especial, que sempre teve a emoção à flor da pele. Mostrou-me o que é a Oxitocina muito cedo, apesar de eu achar que se escrevia com apenas 4 letras: AMOR. É uma excelente mãe.

O meu pai, que também é um ser muito especial, disfarçava melhor as emoções. Normal face à educação que teve e no tempo em que a teve. Não obstante ser da geração de muitos “machos alfa”, tenho várias memórias de o ver chorar, quer quando via filmes impróprios para pessoas com bom coração (como é o seu caso), como em situações em que até uma foca choraria – as focas não têm canais lacrimais – como quando fala do seu pai, meu avô, que não tive a sorte de conhecer, ou quando pensa na sorte que tem em ser avô do João.

Eu próprio me emociono quando percebo a sorte que tive em nascer no código-postal onde nasci.

(Pareceu-me ouvir um “Oh lamechas, mas então e falares do Efeito Pigmalião e parares de chorar seu palerma!?”…)

Depois de enxaguar as lágrimas e fazer a digestão do bullying acima, está na hora de continuar a falar de amor para, depois disso, entrarmos no Efeito Pigmalião (também conhecido por Efeito Rosenthal).

Neste caso não vamos continuar a falar do amor entre pais e filhos, mas vamos sim falar do amor da Lenda de Pigmalião e Galateia que, como vão ver, é a inspiração para o importante Efeito Pigmalião.

Vamos então à História.

Nota do narrador: Se o leitor está a considerar partir logo para a ação sem apostar nos preliminares, dar-lhe nota que é mesmo muito importante fazer os passos todos certos. Não aprendemos a correr sem antes aprender a andar e, nesta linha de raciocínio, mais informação retemos quanto maior for o número de conexões na nossa cabeça. Saber a história de Pigmalião e Galateia vai fazer com que o leitor nunca mais olvide a importância do Efeito Pigmalião. Conselho do narrador.

Outra nota do narrador: Se a “sede de ir ao pote” do leitor for exageradamente grande e/ou incontrolável, então passe a história à frente correndo o risco de ter 10 anos de azar. Não vá o diabo tecê-las, se calhar mais vale ler a história.

Pigmalião e Galateia: Uma lenda de arte, beleza e amor

A história de Pigmalião e Galateia é uma narrativa da mitologia grega que explora o poder da criação artística e o amor que pode surgir de formas inesperadas. Ela aparece principalmente em “Metamorfoses“, uma obra do poeta romano Ovídio, mas também é mencionada em outras fontes mitológicas.

Pigmalião era um escultor talentoso e habilidoso da ilha de Chipre. No entanto, ele era desiludido com as mulheres reais ao seu redor, considerando-as imperfeitas e incapazes de atender às suas expectativas elevadas. Como resultado, ele dedicou a sua vida a esculpir uma estátua de marfim que representaria a mulher perfeita, a encarnação de sua visão ideal de beleza e perfeição feminina. Pigmalião chamou essa estátua de Galateia.

Pigmalião e Galateia, Laurent Pêcheux, 1784

Enquanto esculpia a estátua, Pigmalião depositou todo o seu amor, cuidado e paixão no trabalho, conferindo à obra de arte uma incrível semelhança com uma mulher real. Acredita-se que ele tenha orado à deusa Afrodite, a deusa do amor e da beleza, pedindo que ela desse vida à estátua. A sua oração foi atendida, e Afrodite concedeu vida à estátua de Galateia (conforme imagem de destaque deste artigo).

Quando Pigmalião retornou à sua oficina, ele ficou surpreso e extasiado ao perceber que a sua obra de arte ganhara vida. Galateia estava agora viva e cheia de beleza, graça e encanto. Pigmalião ficou perdidamente apaixonado pela sua criação, e os dois desenvolveram um relacionamento amoroso. O casal passou a viver juntos e, eventualmente, tiveram um filho chamado Pafos, que mais tarde deu nome à cidade de Pafos, em Chipre.

A história de Pigmalião e Galateia aborda temas como a capacidade da arte de imitar a vida, a idealização das relações amorosas e a capacidade de transformação. Ela também levanta questões sobre o poder dos desejos humanos e o papel dos deuses na vida dos mortais.

Essa história inspirou muitos artistas, escritores e dramaturgos ao longo dos séculos, sendo uma fonte de inspiração para obras como a peça teatral “Pigmalião”, escrita por George Bernard Shaw, que mais tarde foi adaptada a um famoso musical chamado “My Fair Lady”. Em ambas as versões, a história explora a transformação de uma pessoa comum em alguém refinado e culto, assim como a transformação da estátua em mulher na história original.

Nota do narrador: Custou muito ler esta história?!

Mais uma nota do narrador: Há quem escreva Pigmaleão e há quem escreva Pigmalião. A pessoa Pigmalião é normalmente escrita com “I” tendo em conta a etimologia do latim “Pygmalion”.

Efeito Pigmalião ou Efeito Rosenthal: o que é?

Se leram a história acima, fica mais fácil perceber este nome.

O Efeito Pigmalião, também conhecido como profecia autorrealizável, refere-se a um fenómeno psicológico no qual as expectativas ou crenças de uma pessoa sobre outra podem influenciar o desempenho e o comportamento dessa outra pessoa.

Em outras palavras, quando alguém acredita que outra pessoa vai se sair bem em algo, essa crença pode levar a um aumento real no desempenho dessa pessoa.

O termo “efeito Pigmalião” foi cunhado pelo psicólogo Robert Rosenthal, daí ser igualmente reconhecido como “Efeito Rosenthal”, no seu livro “Pygmalion in the Classroom” (Pigmalião na Sala de Aula), publicado em 1968.

Da mesma forma que o escultor conseguiu, com a sua crença e desejo profundo, dar vida à estátua, o efeito Pigmalião sugere que as expectativas e crenças de um indivíduo podem moldar o comportamento e o desempenho de outra pessoa.

Esse fenómeno pode operar de várias maneiras. Por exemplo, quando um professor acredita que um aluno é excepcionalmente talentoso, ele pode dar atenção extra a esse aluno, fornecer feedback positivo e oferecer oportunidades de aprendizagem avançado. Como resultado, o aluno pode sentir-se mais motivado, confiante e capaz, o que pode realmente melhorar o seu desempenho.

Da mesma forma, o oposto também pode ocorrer. Se um professor ou supervisor acredita que um indivíduo é incapaz ou tem baixo potencial, ele pode inconscientemente transmitir expectativas negativas através de tratamento diferenciado, falta de apoio e feedback negativo. Isso pode levar a uma diminuição no desempenho da pessoa devido à falta de confiança e motivação.

O efeito Pigmalião tem implicações significativas em muitos contextos, como educação, ambiente de trabalho e relações interpessoais. Ele destaca como as percepções e expectativas das pessoas podem influenciar a realidade e enfatiza a importância de ter expectativas positivas e encorajadoras em relação aos outros, a fim de promover um ambiente propício ao crescimento e ao sucesso.

Efeito Pigmalião na Liderança

Enquanto líderes, todos procuram o sucesso das nossas pessoas e da nossa organização. O que diferencia bons de maus líderes é, muitas vezes, a ordem pela qual procuram o sucesso.

Enfatizo que a afirmação acima está na ordem certa. Primeiro devemos procurar o sucesso das nossas pessoas e só depois da organização.

Na verdade, basta procurar o primeiro já que o segundo será a consequência natural.

Recomendo vivamente um livro da Carol Dweck cujo nome é Mindset. Foi lá que li pela primeira vez sobre o Efeito Rosenthal, se a minha memória não me atraiçoa. É um livro excelente que aborda muito bem este tema relacionado com a temática central da dupla atitude mental: atitude mental progressiva vs atitude mentalidade fixa. Aconselho a lerem o resumo do mesmo neste link.

Os estudos parecem mostrar que quando acreditamos genuinamente nos outros e no seu potencial, os resultados são (quase sempre) iguais às nossas expectativas de excelência. Pese embora o efeito possa ser perverso numa pequena percentagem de pessoas, fruto da potencial ansiedade e pressão que pode gerar, o Efeito Pigmalião é uma importante “ferramenta” para líderes e respetivas organizações.

Já conhecias este efeito? Partilha comigo o que achaste nos comentários.

E, já agora, se achares que mais alguém deve ler isto, podes sempre partilhar esta linda história de AMOR ❤️.

Prometo não chorar. Muito.

Abraço, Tribo.

Sérgio

P.S. – Se queres tornar-te um Pigmalião na Liderança, deixa-me dizer-te que no PFL – Programa de Formação de Liderança não vai faltar conteúdo como este. A dupla certificação do mesmo, incluindo uma certificação internacional pelo The Institute of Leadership do Reino Unido, não me permite prometer-te que irás conseguir esculpir uma Galateia (ou um “Galateio”!). No entanto, posso prometer-te que com as 40 horas de conteúdo que vais ter acesso, bem como mais de 1.500 slides e 200 páginas de ferramentas e exercícios, vais inspirar as tuas pessoas e organização com amor, emoção e uma pitada de racionalidade q.b..

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Responses

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  1. Gostei muito do teu artigo… Eu não conhecia essa história do amor do Pigmalião pela sua obra. Continue escrevendo sobre temas interessantes, como esse.