O Salto da Liderança | 009: A minha Morte e Texto de Despedida

Olá, Astronauta 🖖🧑🚀!

Quando leste este título, podes ter pensado que morri ou que estou a morrer.

Para evitar lágrimas, quanto mais não seja das 3 carpideiras que contratei para ir ao meu funeral, começo por te dizer que ainda não morri, pelo menos à data da criação deste texto!

No entanto, tenho de dizer-te que estou mesmo a morrer…

Depois desta afirmação, pareceu-me ouvir duas perguntas:

1. “Oh Sérgio, mas estás a morrer de quê?”
2. “Oh Sérgio, mas é algo terminal?”

Bem… Eu sei que custa falar disto mas aqui vai.

Estou a morrer a cada dia, e sim, é de algo que é mesmo terminal.

A essa doença, que também é cura, chamamos-lhe Vida.

“Oh seu palhaço, estás a brincar com a morte?!” – pareceu-me ouvir alguém gritar.

Primeiro, gostava mesmo de ser palhaço mas ainda não tenho o gabarito para tal. E, já agora, sigam a Palhaços d’​ Opital.

Nota: Olha, até rimou!

Segundo, não estou a brincar com a morte…

Estou apenas a constatar que estou a morrer.

Como todo e qualquer ser humano…

Nota: Sim… Incluindo o Bryan Johnson que investe 2 milhões de dólares por ano para permanecer jovem, com o objetivo de “viver para sempre”.

Quando penso na Morte, penso em muitas coisas:

• Penso na minha família, incluindo nela os meus amigos e equipa.
• Penso nos que estão e os que já partiram mas continuarão cá enquanto nos lembrarmos deles.
• Penso em todos aqueles e aquelas que fazem parte da minha história de vida: professores, colegas, alunos, formandos, clientes, fornecedores e conhecidos.
• Penso em pessoas que conheço e que não conheço, desejando a todas elas que consigam ter a sorte que eu tive (e tenho) e que possam sentir, nem que por segundos, tudo aquilo que eu senti nestes anos de vida.

Com este pequeno texto, podes achar que eu penso muito na morte.

E, se assim for, como eu acredito que a culpa da comunicação é sempre do emissor, deixa-me pedir-te desculpa pelo mal-entendido.

Para explicar melhor e esclarecer, digo-te que penso muito na VIDA.

E, nesta sequência, vejo a morte como uma forma de vida.

Na medida em que esta é inevitável, vivo como se fosse morrer a qualquer dia, valorizando tudo o que tenho e que me deram, procurando deixar nos outros o melhor que lhes posso deixar, sem julgamentos nem críticas, enquanto percorro um caminho na busca eterna pelo meu herói interno tal e qual o Matthew McConaughey, sem me penitenciar ou julgar.

Se morresse hoje, morreria com a paz de espírito que o John Wooden imortalizou numa frase intemporal que, para mim, será sempre uma das melhores definições de sucesso. A par de uma outra que ouvi de uma recente amiga que, no 2º episódio da 2ª temporada do Podcast Tribo de Líderes irão ouvir.

Como nem sempre dizemos em vida o que queremos dizer, e porque não quero nunca deixar para a morte a responsabilidade de impactar quem eu queria impactar em vida, deixo-vos abaixo a minha carta de despedida.

Carta de Despedida

Olá, __________________ (escreve aqui o teu nome!).

Se estás a ler este texto, significa que parti ou SALTEI para outra dimensão.

Não sei bem se a dimensão é no calor do subsolo, na divindade do céu estrelado ou simplesmente no vazio.

Onde quer que esteja, quero que saibas que me sinto como me senti na grande maioria dos segundos que tive a sorte de viver enquanto ser com uma dimensão espacial, i.e., com um corpo:

• Muito bem, feliz, realizado, afortunado, amado, com um sentimento de gratidão profunda por todos os que me impactaram em vida e por tudo o que me aconteceu, sem exceção.

Este sentimento que continuará eterno no meu coração, mesmo desde o segundo em que este deixou de bombear, começou a construir-se com os meus pais a quem devo tudo.

Não fossem tantas coisas para lhes agradecer, muitas delas que nunca deveriam interessar por serem efémeras, agradeço-lhes pelas três coisas mais importantes:

1. Primeiro a VIDA. Porque essa oportunidade de viver, mesmo que não recheada das duas seguintes já seria, por si só, um milagre maravilhoso.
2. Segundo o AMOR. Que me deram de forma incondicional e surpreendentemente crescente ao longo de toda a minha vida.
3. Terceiro a SORTE. Pelas duas primeiras que, na minha mente, sempre me fizeram viver uma eterna viagem alimentada pelo paradoxo do merecer versus não merecer, com o destino final de contribuir para que todos, sem exceção, pudessem sentir esta tríade.

Que afortunado fui, e ainda sou, por tudo isto…

1. Afortunado porque a Vida deu-me a dádiva da Oportunidade e da Gratidão.
2. Afortunado porque o Amor construiu alicerces inquebráveis da Confiança e da Empatia.
3. Afortunado porque a Sorte me fez procurar eternamente a Retribuição, a Equidade e a Justiça.

Aos eles, os meus Pais, agradeço tudo.

Tudo o que fiz, desde o momento em que me presentearam com a Vida, é um reflexo deles. Eles foram e serão sempre, mesmo com o meu coração adormecido mas nunca morto, os melhores líderes que poderia ter tido.

Complementarmente a tudo isto, e agora que tenho finalmente um novo olhar, consigo ver que a tríade acima, fruto da minha Sorte, não esteve somente nas duas pessoas que me criaram.

Esteve na minha Esposa, Companheira e Amiga, pela forma como me deu uma nova Vida, me demonstrou o seu Amor incondicional todos os dias, mesmo nos dias menos bons, e me deu a Sorte de poder viver uma Vida ao seu lado. Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até a morte separar os nossos corpos mas nunca o meu Amor.

Esteve no meu filho que começou por redefinir a minha definição de Vida, Amor e Sorte, muito antes de nascer, cunhando definitivamente um novo e eterno significado no momento em que eu e a mãe o presenteamos com a mais importante de todas: a Vida. Foi ele o maior impulsionador da Sorte e por me mostrar um novo significado para quase todos os conceitos e, sobretudo, para conhecer e entender verdadeiramente os seus avós.

Esteve no meu afilhado, nos meus sobrinhos (de sangue e os de coração), por me mostrarem que o Amor é ainda maior do que se pode pensar, e obrigando-me a procurar a Sorte para todos eles.

Esteve na minha família, nos meus amigos e companheiros, que complementaram e enriqueceram a tríade, tornando-me completo no que fui e ainda sou nas vossas mentes e corações.

Esteve na única pessoa que conheço que me conheceu em (quase) pleno, em alguns momentos ainda mais do que eu próprio, e que estando apenas bem Presente – que é um presente de facto – conseguiu, através da sua genialidade e perspicácia, tornar-me no que eu precisava de ser e que sempre fui.

Esteve em todas as Pessoas. Nas que me conheceram, incluindo tu que lês este texto, porque vivo nelas e em ti, mesmo que de forma pouco evidente. Nas que não me conheceram porque, com uma boa dose de probabilidade, conheceram alguém que me conheceu e/ou alguém que me tornou no que fui hoje e, por isso, somos um só nesta tríade da vida.

Muito falta dizer mas já muito foi dito…

E para além do que já foi dito, existem tantas outras coisas que tu vais perceber com esta carta…

Sugiro que a leias várias vezes e tenho a certeza que irás encontrar nela o que precisas para complementar, nem que seja em parte, a tua tríade.

Se tiveres dúvidas sobre isso, não vá o diabo tecê-las, faz como o Coco da Disney e honra os mortos, como eu.

Nota: deixo a ti decidir se o que te disse na frase acima é egoísta, altruísta ou ambas as coisas.

Termino dizendo que enquanto vivi como um corpo e uma alma, acreditava que esta procura pelo meu herói interior era uma busca eterna. Eterna na medida em que, por muito que vivesse, nunca encontraria um herói suficientemente bom para os meus objetivos, seguindo a ideia de Heráclito.

Quando hoje jazo neste meu novo lugar, sei que o meu herói interior sempre esteve comigo.

Tenho a certeza que a tua missão é encontrar esse herói ou heroína interior. E ao fazeres isso, vais ver que vais despertar todos aqueles que ainda possam estar adormecidos dentro dos que impactas.

Como diria Saramago, não tenhas pressa, mas não percas tempo.

Dá o SALTO.

Porque a vida é curta demais para não ser vivida, pergunto-te: Estás a viver a tua?

Um abraço, 🧑🚀.

Do teu eterno,

Sérgio

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